No maps are made to return é um projeto que teve o seu início em 2021.
Propõe-se uma exploração do espaço e do tempo através do mapeamento de uma trajectória (ou várias) ao longo de 16 dias. O projecto já foi desenvolvido em Lisboa e em Estocolmo.
I don't draw maps to return
Em maio de 2021, este projecto Arte in situ foi pensado para a Galeria Penelope, com a curadoria de Francisca Portugal.
"Uma instalação site specific produzida para a Galeria Penélope pela artista Leonor Sousa.
Inspirado no conceito de fronteira, o artista criou um mapa que questiona o corredor como espaço doméstico, criando áreas justapostas sem lei. Considerando essa condição como um espaço de possibilidades infinitas, quem pisa nele é convidado a contemplar um novo lugar, não apenas físico, mas ontológico
Este mapa começa no aeroporto de Lisboa onde me preparava para me mudar para Londres. Simultaneamente, Leonor estava sentada no chão com as malas com a mente já a divagar para Copenhaga onde iria viver um semestre. Enquanto eu desenhava. Enquanto eu traçava o meu percurso pelos respetivos percursos de autocarro no sul de Londres até aos Tates, Leonor desenhava a capital da Dinamarca na sua bicicleta e voava para a Índia.
A intercepção abstracta destas linhas concretas, aconteceu quando visitei Leonor no seu atelier. Na época, ela me mostrou como registraria seus trajetos diários em papel vegetal. Estes se amontoavam em um canto esperando seu uso inevitável. Eu olhava suas pinturas e projetava não só esses percursos, mas também sua própria visão do que ela gostaria de ver nelas. "Não desenho mapas para voltar", segue a prática de pintura de Leonor de estruturas arquitetônicas ideais, situadas entre ruínas passadas e futuras. Uma construção de um limbo cartográfico e uma realidade subversiva de contextos políticos para questões da existência de limitações geográficas ou mesmo da noção de territórios nacionais.
Como o título sugere, este mapa é uma proposta de viagem sem retorno previsto, apropriando-se da ideia de transição de Paul Preciado, rompendo o ato de viajar ao deixar para trás múltiplas fronteiras. O público é essencial para ativar este processo, a presença do seu corpo no espaço do corredor da Galeria Penélope ditará a transformação ideológica e conceptual em cada um dos participantes. Ironicamente, a travessia individual para um lugar sem retorno não pode ser visivelmente distinguível a menos que o mapa seja consultado, deixando a questão ambígua de sua função ou mesmo de sua veracidade."
Escrito para a exposição pela curadora Francisca Portugal, 2021